OS BENEFÍCIOS DO PERDÃO
Perdoar é uma das atitudes mais difíceis na vida de
milhares de pessoas.
O fato de alguém pedir perdão a
outrem equivale a dizer que reconhece
seu erro e sua culpa, por isso, vai ao encontro de quem foi,
efetivamente, atingido por sentimentos,
palavras e atos que feriram a sua dignidade. O fato de alguém perdoar significa dizer que
reconhece sinceridade no arrependimento daquele que vai ao seu encontro, com a disposição de mudar de atitude.
A Revista Veja, em sua edição de 28 de Julho
passado, tem como “matéria de capa” o perdão, mais precisamente, “O poder do
perdão”. Não deixa de ser, deveras, significativo o fato de estarem à ciência e
a mídia tratando de um assunto que, por certo, na mente da maioria das pessoas
tinha lugar apenas no mundo das religiões e na prática de seus seguidores. O enfoque
desse assunto na relação interpessoal
e institucional, numa visão psicológica, filosófica, sociológica e política,
com sua referência à face do perdão, biblicamente revelada, representa uma
contribuição muito especial para a compreensão da necessidade de superação das
linhas cruzadas e da eliminação das rupturas que se estabeleceram nas relações humanas, por numerosos
motivos. Na matéria, encontram-se depoimentos de pessoas, empresários e
governantes que tiveram a capacidade
de perdoar ou se mantiveram fechados em relação ao perdão. Segundo um
professor da Universidade de Boston, o
pedido de perdão contém três passos básicos para obter perdão.
Primeiro, deve-se assumir a responsabilidade pelo
erro.
Segundo, é preciso repudiar claramente esse erro,
mostrando que não se pretende repeti-lo.
Terceiro, deve-se exprimir o arrependimento
pela dor causada ao próximo. O que é hoje descoberta da pesquisa e conquista da
ciência, o Catecismo da Igreja já o proclama, há milênios, ao apresentar as
exigências para que o fiel, ao recorrer ao Sacramento da Penitência, obtenha o
perdão dos pecados cometidos contra Deus e contra o próximo.
Com efeito, para que esse Sacramento produza seus efeitos,
exigem-se atitudes que levem o penitente à mudança de vida e à reconciliação:
Contrição (reconhecimento dos
pecados);
Confissão (revelação, perante o
confessor, desses pecados, “por pensamentos, palavras e obras”);
Absolvição (recepção da perdão dos
pecados confessados);
Satisfação (reparação dos pecados
cometidos, não os repetindo, deliberadamente).
Como penitência, o confessor impõe uma pena
ao penitente, correspondente, “na medida do possível, à gravidade e à natureza
dos pecados cometidos.”
No plano psico-religioso, o perdão é
um ato muito benéfico, sob vários aspectos, como
confirma a voz da experiência de cada um. Um
desses aspectos é a paz da consciência.
O relacionamento entre pessoas, grupos e nações fica ameaçado quando
determinados
sentimentos, palavras e atitudes ferem o seu
direito. Quando isso acontece, criam-se
estremecimentos no relacionamento humano que,
em muitos casos, rompem fortes vínculos de consanguinidade e sólidos laços de
amizade. O perdão é sempre muito benéfico
para as pessoas que conseguem refazer sua história, não apenas porque
minimizam a razão do distanciamento que se criou na convivência familiar e no
relacionamento social, mas, antes, porque dão um passo de qualidade, ao cancelá-la de seu coração e de sua
mente. A psicologia e a espiritualidade
identificam os benefícios do perdão na vida das pessoas. A melhor linguagem
dessa experiência é testemunhada por aquelas pessoas que conseguiram perdoar-se,
mutuamente.
Para muitos, o perdão é benéfico, por ser uma conquista
humana; para os cristãos, além dessa
dimensão, está muito clara a exigência que Jesus colocou na oração do Pai
Nosso: “Perdoai as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.”
Escrito
por Dom Genival Saraiva
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