Organizar
para evangelizar melhor
INTRODUÇÃO
A
IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO NA ATEQUESE
A
função do planejamento é “tornar clara e precisa a ação, organizar o que fazemos
sintonizar ideias, realidade e recursos para tornar mais eficiente a nossa
ação” (GANDIN, 2010, p. 20).
O
Diretório Nacional de Catequese,
DNC, nos orienta: “Para frutificar, a catequese necessita de organização, planejamento
e recursos” (DNC 236). Percebe-se por essa orientação que a catequese não
prescinde de planejamento adequado e bem feito para organizar-se melhor, e
assim desenvolver com sucesso a sua missão evangelizadora. É indispensável adquirir
o hábito de planejar e inserir o planejamento como ferramenta de qualidade na
ação catequética para que esta seja ativa e criativa. Ativa no sentido de
motivar as pessoas a serem protagonistas de sua história e no seguimento de
Jesus Cristo. Criativa para promover a renovação do ser humano através de um
processo de desconstrução e reconstrução interior. Esse processo passa pela
purificação de nossas representações de Deus, tendo em vista o projeto que dá
sentido à vida, revelado por Jesus de Nazaré.
Nos
encontros catequéticos utilizaremos a metodologia ativa: “Procedimento
sistemático de aprendizagem atitude crítica e criativa, a partir de sua própria
experiência” (CABELLO ; ESPINOZA; GÓMEZ, p. 154).
Os
encontros catequéticos são o carro
chefe da catequese. Através deles são comunicadas as verdades reveladas e a
orientação crítica para a ação concreta. Portanto, eles devem ser muito bem
planejados, na intenção de atingir os objetivos propostos pela ação
evangelizadora da Igreja. Nesse sentido, este subsídio ressalta a importância
do planejamento dos encontros catequéticos, enquanto ação evangelizadora e
reveladora da Palavra de Deus.
É
através da experiência humana, na dimensão da fé, que se descobrem e se
assimilam as verdades reveladas, posto que a fé é um dom de Deus, exige
resposta humana: o ato de fé. E a resposta de fé, como ato ou ação humana, pode
ser
educada. Para que esse propósito seja alcançado, a catequese precisa traçar
caminhos e estratégias que a transformem num espaço capaz de promover o
conhecimento. Mais especificamente, o conhecimento de Jesus de Nazaré e o
acolhimento da sua proposta. “É deste conhecimento amoroso de Cristo que jorra
o desejo de anunciá-lo, de ‘evangelizar’, e de levar os outros ao sim da fé em
Jesus Cristo” (DGC 231).
A
dimensão vivencial da catequese utiliza-se da interação vida e fé como força motriz do processo catequético. Uma
eficaz interação entre vida e fé é capaz de transformar a catequese em espaço
de vida e crescimento na fé, além de ajudar as pessoas a se inserir na
comunidade de fé, contribuir para que se tornem agentes ativos na construção de
si mesmos e transformadores da realidade social, com base nos valores
evangélicos.
Um
planejamento adequado, além de propiciar uma melhor comunicação do conteúdo, e
ajudá-lo a tornar-se mensagem, é uma ferramenta à disposição do catequista para
organizar e imprimir qualidade à sua ação catequética, além de ajudar a
correlacionar experiência e fé de forma lúcida. Quando bem elaborado, o
planejamento constitui um instrumento imprescindível na superação de requentes
atitudes
de improvisação, pois se torna trilho na luta para fugir do reducionismo.
Planejar é pensar antes qual o melhor caminho para chegar
depois.
“Quando não se planeja, se improvisa, prejudicando o êxito do que se quer e
causando um incansável desperdício de energia e de recursos” (ORFANO, 2004, p.
21). Com base nessa afirmação, podemos entender a importância de se adotar o planejamento para viabilizar uma efetiva
comunicação da Palavra revelada.
O
objetivo geral deste livro é colaborar com a busca de alternativas planejadas
para realizar, de forma eficaz e organizada, a ação catequética, no sentido de
ajudar no encontro pessoal e comunitário do ser humano com Jesus Cristo,
através do conhecimento da Verdade que ele nos revelou, na força do Espírito.
Temos também como objetivos: ajudar os catequistas na criação ou
fortalecimento do hábito do planejamento na ação catequética para que ela se
torne mais eficaz e evangelizadora; propor mudanças na catequese para
que ela possa responder aos anseios da pessoa humana e atender aos desafios da
realidade social atual; incentivar ações ativas e criativas na catequese;
propor ações planejadas para diminuir a improvisação e apresentar recursos
metodológicos, técnicos e pedagógicos para aju dar os catequistas a planejar,
tanto na ação global quanto nos encontros catequéticos.
Seguimos
o importante testemunho da comunidade de Lucas, que nos alerta para a
importância do planejamento na atividade pastoral. Jesus, no evangelho de
Lucas, ao definir uma das condições para ser discípulo, disse: “De fato, se
alguém quer construir uma torre, será que não vai primeiro sentar-se e calcular
os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, lançará
os alicerces e não será capaz de acabar” (Lc 14,28-29a).
A
catequese tem seu início e fim em Jesus Cristo e está alicerçada em seus
ensinamentos. Planejar a catequese é
também um meio de alcançar bons resultados na construção do Reino de Deus entre
nós. Por isso, em nossa prática catequética, devemos seguir a advertência de
Jesus, quando ele nos inspira o planejamento na “Parábola da construção da torre”
(Lc 14,28-29a), caso contrário não seremos capazes de realizar bem e concluir
com sucesso a nossa ação evangelizadora.
O
planejamento catequético é muito importante para uma ação catequética que
almeja ser verdadeiramente evangelizadora.
O
planejamento catequético tem sua especificidade no que se refere ao alvo a ser
atingido: o coração do interlocutor, ou seja, a sua interioridade.
Essa
interioridade é o portal para que o interlocutor da catequese possa se encantar
com Jesus e assumir a atitude de discípulo missionário. Ao lidarmos com a
interioridade humana, estamos lidando com a vida das pessoas. Isso faz da ação
catequética uma ação de muita responsabilidade, exigindo cuidado, sensibilidade
e, sobretudo, competência no “saber fazer”.
Destacamos
que o planejamento catequético não é um fim em si mesmo. Ele tem a função
metodológica de traçar um caminho que veicule a mensagem bíblica, a fim de
propiciar o encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, o objetivo maior
da catequese. Esse objetivo faz do planejamento catequético um planejamento
diferente de qualquer outro.
No
planejamento empresarial, o objetivo maior é o lucro, portanto algo com uma
lógica meramente matemática.
Já
o objetivo almejado pelo planejamento catequético pertence à esfera da
subjetividade humana, algo diferenciado e complexo que exige formação,
habilidade e vocação.
O
planejamento deve ser adotado também como caminho para uma efetiva participação
dos catequizandos e catequizandas na comunidade de fé. É o pensar e agir junto.
Essa participação efetiva fará com que elas e eles se sintam
parte
e sujeitos ativos do processo de educação da fé que professam.
Godoy,
Eliane do Carmo Ribeiro
Planejamento
na catequese: organizar para evangelizar melhor /Eliane do Carmo
Ribeiro Godoy. – São Paulo: Paulus, 2014. – (Coleção Catequese)
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