sábado, 24 de janeiro de 2015

PLANEJAMENTO NA CATEQUESE

PLANEJAMENTO NA CATEQUESE
Organizar para evangelizar melhor
INTRODUÇÃO
A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO NA ATEQUESE
A função do planejamento é “tornar clara e precisa a ação, organizar o que fazemos sintonizar ideias, realidade e recursos para tornar mais eficiente a nossa ação” (GANDIN, 2010, p. 20).
O Diretório Nacional de Catequese, DNC, nos orienta: “Para frutificar, a catequese necessita de organização, planejamento e recursos” (DNC 236). Percebe-se por essa orientação que a catequese não prescinde de planejamento adequado e bem feito para organizar-se melhor, e assim desenvolver com sucesso a sua missão evangelizadora. É indispensável adquirir o hábito de planejar e inserir o planejamento como ferramenta de qualidade na ação catequética para que esta seja ativa e criativa. Ativa no sentido de motivar as pessoas a serem protagonistas de sua história e no seguimento de Jesus Cristo. Criativa para promover a renovação do ser humano através de um processo de desconstrução e reconstrução interior. Esse processo passa pela purificação de nossas representações de Deus, tendo em vista o projeto que dá sentido à vida, revelado por Jesus de Nazaré.

Nos encontros catequéticos utilizaremos a metodologia ativa: “Procedimento sistemático de aprendizagem atitude crítica e criativa, a partir de sua própria experiência” (CABELLO ; ESPINOZA; GÓMEZ, p. 154).
Os encontros catequéticos são o carro chefe da catequese. Através deles são comunicadas as verdades reveladas e a orientação crítica para a ação concreta. Portanto, eles devem ser muito bem planejados, na intenção de atingir os objetivos propostos pela ação evangelizadora da Igreja. Nesse sentido, este subsídio ressalta a importância do planejamento dos encontros catequéticos, enquanto ação evangelizadora e reveladora da Palavra de Deus.
É através da experiência humana, na dimensão da fé, que se descobrem e se assimilam as verdades reveladas, posto que a fé é um dom de Deus, exige resposta humana: o ato de fé. E a resposta de fé, como ato ou ação humana, pode
ser educada. Para que esse propósito seja alcançado, a catequese precisa traçar caminhos e estratégias que a transformem num espaço capaz de promover o conhecimento. Mais especificamente, o conhecimento de Jesus de Nazaré e o acolhimento da sua proposta. “É deste conhecimento amoroso de Cristo que jorra o desejo de anunciá-lo, de ‘evangelizar’, e de levar os outros ao sim da fé em Jesus Cristo” (DGC 231).
A dimensão vivencial da catequese utiliza-se da interação vida e fé como força motriz do processo catequético. Uma eficaz interação entre vida e fé é capaz de transformar a catequese em espaço de vida e crescimento na fé, além de ajudar as pessoas a se inserir na comunidade de fé, contribuir para que se tornem agentes ativos na construção de si mesmos e transformadores da realidade social, com base nos valores evangélicos.
Um planejamento adequado, além de propiciar uma melhor comunicação do conteúdo, e ajudá-lo a tornar-se mensagem, é uma ferramenta à disposição do catequista para organizar e imprimir qualidade à sua ação catequética, além de ajudar a correlacionar experiência e fé de forma lúcida. Quando bem elaborado, o planejamento constitui um instrumento imprescindível na superação de requentes
atitudes de improvisação, pois se torna trilho na luta para fugir do reducionismo.
Planejar é pensar antes qual o melhor caminho para chegar depois. “Quando não se planeja, se improvisa, prejudicando o êxito do que se quer e causando um incansável desperdício de energia e de recursos” (ORFANO, 2004, p. 21). Com base nessa afirmação, podemos entender a importância de se adotar o  planejamento para viabilizar uma efetiva comunicação da Palavra revelada.

O objetivo geral deste livro é colaborar com a busca de alternativas planejadas para realizar, de forma eficaz e organizada, a ação catequética, no sentido de ajudar no encontro pessoal e comunitário do ser humano com Jesus Cristo, através do conhecimento da Verdade que ele nos revelou, na força do Espírito. Temos também como objetivos: ajudar os catequistas na criação ou fortalecimento do hábito do planejamento na ação catequética para que ela se torne mais eficaz e evangelizadora; propor mudanças na catequese para que ela possa responder aos anseios da pessoa humana e atender aos desafios da realidade social atual; incentivar ações ativas e criativas na catequese; propor ações planejadas para diminuir a improvisação e apresentar recursos metodológicos, técnicos e pedagógicos para aju dar os catequistas a planejar, tanto na ação global quanto nos encontros catequéticos.

Seguimos o importante testemunho da comunidade de Lucas, que nos alerta para a importância do planejamento na atividade pastoral. Jesus, no evangelho de Lucas, ao definir uma das condições para ser discípulo, disse: “De fato, se alguém quer construir uma torre, será que não vai primeiro sentar-se e calcular os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, lançará os alicerces e não será capaz de acabar” (Lc 14,28-29a).

A catequese tem seu início e fim em Jesus Cristo e está alicerçada em seus ensinamentos. Planejar a catequese é também um meio de alcançar bons resultados na construção do Reino de Deus entre nós. Por isso, em nossa prática catequética, devemos seguir a advertência de Jesus, quando ele nos inspira o planejamento na “Parábola da construção da torre” (Lc 14,28-29a), caso contrário não seremos capazes de realizar bem e concluir com sucesso a nossa ação evangelizadora.
O planejamento catequético é muito importante para uma ação catequética que almeja ser verdadeiramente evangelizadora.
O planejamento catequético tem sua especificidade no que se refere ao alvo a ser atingido: o coração do interlocutor, ou seja, a sua interioridade.
Essa interioridade é o portal para que o interlocutor da catequese possa se encantar com Jesus e assumir a atitude de discípulo missionário. Ao lidarmos com a interioridade humana, estamos lidando com a vida das pessoas. Isso faz da ação catequética uma ação de muita responsabilidade, exigindo cuidado, sensibilidade e, sobretudo, competência no “saber fazer”.

Destacamos que o planejamento catequético não é um fim em si mesmo. Ele tem a função metodológica de traçar um caminho que veicule a mensagem bíblica, a fim de propiciar o encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, o objetivo maior da catequese. Esse objetivo faz do planejamento catequético um planejamento diferente de qualquer outro.
No planejamento empresarial, o objetivo maior é o lucro, portanto algo com uma lógica meramente matemática.
Já o objetivo almejado pelo planejamento catequético pertence à esfera da subjetividade humana, algo diferenciado e complexo que exige formação, habilidade e vocação.
O planejamento deve ser adotado também como caminho para uma efetiva participação dos catequizandos e catequizandas na comunidade de fé. É o pensar e agir junto. Essa participação efetiva fará com que elas e eles se sintam
parte e sujeitos ativos do processo de educação da fé que professam.

Godoy, Eliane do Carmo Ribeiro
Planejamento na catequese: organizar para evangelizar melhor /Eliane do Carmo
Ribeiro Godoy. – São Paulo: Paulus, 2014. – (Coleção Catequese) 

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